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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Por que enfeitiçou assim a minha alma e meu corpo?"

Como homem ciumento eu sofro
quatro vezes: por ser ciumento, por
me culpar por ser assim, por temer que
meu ciúme prejudique o outro, por me
deixar levar por uma banalidade; eu
sofro por ser excluído, por ser agressivo,
por ser louco e por ser comum.
Roland Barthes

Ciúme: tormento que nos habita


“Que vida de inferno é a vida do ciumento! Antes não amar do que amar desse modo.”
Paolo Mantegazza

Ciúme - eu me mordo, me rasgo, me acabo...



“Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

Ter loucura por uma mulher

E depois encontrar este amor, meu senhor

Nos braços de um outro qualquer.
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

E por ele quase morrer

E depois encontrá-lo em um braço

Que nenhum pedaço do seu pode ser.
Há pessoas com nervos de aço

Sem sangue nas veias e sem coração

Mas não sei se passando o que passo

Talvez não lhe venha qualquer reação
Eu não sei se o que trago no peito

É ciúme, despeito, amizade ou horror

Eu só sei é que quando eu a vejo

Me dá um desejo de morte ou de dor."

(Lupicínio Rodrigues - Nervos de aço)

A alma humana esconde muitos tormentos, mas dentre eles, o ciúme talvez seja o mais devastador.
Suponho que isso se dá, porque ele é um sentimento atrelado a outros como o querer, o amar,
O admirar...
O ciúme convive com outras emoções corrosivas como a dúvida, a desconfiança, a mágoa, o desejo, a vingança.
Difunde-se na dúvida ou na certeza, e cresce sem sensatez.
Ciúmes há de diversas espécies. Ciúme de pessoas, de coisas...
Disfarçadamente, une-se à inveja numa dramática parceria.
Associa-se à histeria.

É uma gama de sentimentos dolorosos, negativos e devatadores.
Invasor, dominador, enlouquecedor.

Apropria-se de tudo que há na alma humana.
Destrói, corrompe, cega e escoa num líquido pegajoso e gosmento que encarcera o ser.
Avança, ininterruptamente, devorando as entranhas de suas vítimas.
Traz consigo o medo, o desamparo e à temida solidão.
Aquela mesma, que paradoxalmente serve de pretexto a sua instalação, porque antes de tudo, o ciúme é um esforço precoce de se fugir da solidão.
É acionado para impedir a dor. Agride para não sofrer.
Assume ímpetos homicidas: “se ele não for meu, não será de mais ninguém”. Essa é a fantasia que nutre o ciumento.
O ciúme nos faz dependentes do amor do outro e, deslocadamente, nos faz odiá-lo por não nos amar.
Esse sentimento incongruente é um dos elementos predominantes na Literatura mundial. Alguns autores trataram o assunto magistralmente. Seus personagens foram envolvidos numa teia destrutiva. Ali, aprisionados, vitimados, dominados.
Assim estavam Otelo, Bentinho e outros. Seres completamente diferentes em suas épocas, origens e razões, mas todos invadidos, devastados, demolidos, entorpecidos, desabitados de seus brios, e a caminho do inferno.

Caro leitor,
Se você ainda não passeou pelas páginas de Otelo, de Shakespeare, e gosta do tema comentado acima. Esse é um bom momento para iniciar a leitura desse clássico mundial.
Em Otelo, o ciúme é “o monstro de olhos verdes” e provoca o assassinato de Desdêmona, ingênua e doce criatura.

Na leitura de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Ficará íntimo da linda Capitolina.
Enxergará Bentinho a se enxergar, incapaz de mudar o irreversível tempo. Nessa narrativa, o ciúme destrói um amor de infância, é a mola propulsora de agressões entre os casais. É mau conselheiro, destrói a amizade ou a lembrança terna dela, faz-nos acreditar no mal. Julgar e condenar, rapidamente. Arruína uma família.
Para instigá-lo, trouxe fragmentos de músicas que tratam o temae confirmam o que falamos acima. Espero que goste.


“Eu quero levar uma vida moderninha
Deixar minha menininha sair sozinha
Não ser machista nem bancar o possessivo
Ser mais seguro e não se tão impulsivo
Mas eu me mordo de ciúme”
(Ultraje a rigor – Ciúme)



Tudo que é seu meu bem

Também pertence a mim

Vou dizer agora tudo

Do princípio ao fim

Da sua cabeça até

A ponta do dedão do pé

Tudo que é seu, meu bem

É meu, é meu, é meu,

É meu, é meu, é meu

É meu, é meu, é meu
(Roberto Carlos)

"Desculpe o Auê

Eu não queria magoar você

Foi ciúme sim

Fiz greve de fome

Guerrilhas, motins

Perdi a cabeça"

Desculpe o Auê

(Rita Lee)


Mas enquanto houver força em meu peito
Eu não quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança aos santos clamar
Você há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar
Vingança
(Doris Monteiro)



Este telefone que não para de tocar

Está sempre ocupado

quando eu penso em lhe falar

Quero então saber logo quem lhe telefonou

O que disse, o que queria e o que você falou

Só de ciúme, ciúme de você

Ciúme de você, ciúme de você

Ciúme de você

Roberto Carlos


"Atire a primeira pedra, ai, ai, ai

Aquele que não sofreu por amor"


Ataulfo Alves , Letra De Mário Lago


Até a próxima, espero que tenham gostado de passar por aqui.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O diálogo entre textos: a intertextualidade




Oi, turminha!


Hoje vamos falar sobre a intertextualidade. Você lembra o que é?



Intertextualidade é o que ocorre toda vez que um texto tem relações claras com outro ou outros. É, portanto, um diálogo de um texto com outro.
Esse diálogo ou retomada de um texto, ocorre nas mais diversas situações e nos mais diversos tipos de comunicação, e está presente tanto nas manifestações artísticas quanto no nosso cotidiano.
(Gestar II)
A intertextualidade ocorre em diversas áreas do conhecimento. Abaixo vemos uma delas:
A literatura: por exemplo, entre Casimiro de Abreu “Meus oito anos” e Oswald de Andrade “Meus oito anos”. Aquele foi escrito no século XIX e este foi escrito no século XX. Portanto, o 2 cita o 1, estabelecendo com ele uma relação intertextual.
Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjas! Casimiro de Abreu
Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da rua São Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais! Oswald Andrade

Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
Epígrafe - constitui uma escrita introdutória a outra.
Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas.
Paráfrase - é a reprodução do texto do outro com a palavra do autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o autor deixa claro sua intenção e a fonte.
Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando à ironia,ou à crítica
Pastiche - uma recorrência a um gênero.
Tradução - a tradução está no campo da intertextualidade porque implica na recriação de um texto.
Referência e alusão.


Hoje, em nosso encontro semanal, recebemos a tarefa de produzir um intertexto , resolvi fazer uma paródia.

Recife a Veneza sanguinara

Minha terra tem favela
Onde se escondem os marginá
Não permita Deus que eu morra
Num assalto no siná
Que é a sina do povo que vive por cá.

Minha terra tem sol todo dia
Água de mar e mulher que se veste com ousadia,
Mas farta escola das boa pras pessoa estudá
O Governadô diz que tudo vai melhorá
Deu inté notobuco pros professô trabaiá
Em cismá sozinho de noite
me boto a matutá
Não permita Deus que eu morra
Sem vê meus fios se formá

Minha terra tem riquezas
Isso num posso anegar,
Mas tem pobreza de sobra
Espaiadas pelas ruas do lugá
Os meninos a fumá craque
Veem seu destino acabá
Perdem a vida no tráfico
Numa luta desiguá
Não permita Deus que eu morra
Sem vê a juventude vingá

Na minha terra se prantando tudo dá
Já dizia Lima Barreto num clássico romance populá
Mas a injustiça continua a imperá
Os ricos, cada vez mais ricos
Ouvem o canto do sábia
Os pobres cada vez mais pobres
Veem os urubus avoá
Pensam logo nos seus fios
E começam a rezá, pois sabem
que presunto vão encontrá
Não permita Deus que eu morra
Sem vê essa históra mudá

Aqui progama de fofoca
Se chama Cardinô
Bronca pesada tem por lá
Aquilo é um horror!
Na frente da televisão fica toda a molecada
Esperando pra vê a turma da pesada
Quando o apresentadô diz acabou essa porcaria
Os menino corre pra escola
É aquela gritaria
Não permita Deus que eu morra
Sem vê acabá essa baixaria

Vou ficando por aqui
Terminando essa paródia
Quem num gostá
Que se dane
E vá criá outra históra.


Helena Caldas ( Homenagem a Patativa do Assaré - Grande Mestre)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Auto da Compadecida


Quem já não deu boas risadas assistindo ao filme O Auto da Compadadecida - Produção de Guel Arraes - Um resumo do texto teatral de Ariano Suassuna. O julgamento é um dos momentos mais hilários. O 3o. ano B se propõe a reviver o texto e apresentá-lo à turminha do Helena Pugó.

Leia um fragmento do texto:


Severino resolve matar pessoalmente Chicó e João Grilo. Grilo oferece ao cangaceiro uma gaita que tem o poder de ressuscitar os mortos e a troca por sua vida e de Chicó. Severino é morto e quando a gaita não tem efeito nenhum, o comparsa do cangaceiro mata João Grilo. Chicó chora e retira o dinheiro que está em seu bolso, que havia pego de Severino. As pessoas que estão mortas encontram-se para esperar seu destino. O Diabo aparece mas João Grilo apela para Cristo, esperando que este o salve. O Cristo apresentado é negro e destrói o preconceito de todos. Os personagens são julgados e como estão prestes a seguir para o inferno, João, mais uma vez apela: chama Nossa Senhora, a Compadecida. O padeiro e sua mulher são absolvidos por terem perdoado um ao outro na hora final; o padre o e o bispo, têm o mesmo benefício, porque abençoaram o carrasco. Os quatro vão para o purgatório. Severino se livra através de Jesus, que lembra que este é incapaz de pensar nos seus atos, pois viu seus pais morrerem aos oito anos de idade. Nossa Senhora, pede uma chance para Grilo. Jesus a consente e ele volta da morte.



Vai ser muito divertido!

Tarde Literária - Experiências Gestar II


Convite
Poesia é
brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
(José Paulo Paes)
Trabalhamos esse texto na abertura do projeto Tarde Literária
(TP 5) Atividade 3 - A Estilística do som e da palavra
Estilística - maneira de usar a língua para efeito de sentido - aqui examinaremos seu valor fonético, ou seja, sonoro e léxico valores semânticos e morfológicos.
Aproveitamos o texto para despertar no educando a percepção de que a poesia é brincadeira e para isso, nada melhor do que levá-los de volta à infância. É na perspectiva do sonho e do imagético que se enquadram o poema de José Paulo Paes, que resgata esses valores infantis. Assim foi possível perceber após a leitura , em sala, a interação leitor e texto, estabelecida pelo trabalho com a linguagem utilizada pelo autor: sons, ritmos, imagens e movimentos visuais. É nessa organização estrutural (sensorial e imagética) que o aluno é integrado ao texto. As repetições e aliterações provocam sonoridade e ritmo, fruindo assim um gostoso dinamismo que fascinou a turminha. E isso, mostrou-me a importância desse aspecto na leitura , pois é gerador de prazer. Prazer que faz da leitura um momento de construção e desconstrução de sentidos, instigando a comunicação, que é o objetivo maior do texto literário.
A atividade do TP 5 trouxe três perguntas:
1. O que o poeta quer dizer com os versos "Poesia/ é brincar com palavras "?
Primeiramente, buscamos avaliar a produção de texto oral.
Alguns alunos deram opiniões, depois chegamos juntos à resposta:
para criar um poema é preciso escolher a palvra certa, aquela que mais próximo está do que se deseja expressar. Para isso, é preciso usar os recursos de estilo disponíveis na língua.
2. Pense em nossa conversa sobre estilo e responda: por que, ao contrário dos brinquedos concretos, as palavras ficam cada vez mais novas à medida que mais brincamos com elas?
Chegamos juntos à resposta :
A palavra não está presa a um único significado. Ela é livre para "significar" dentro de contextos ou até fora deles. As Palvras se desviam renovam-se, são inesperadas, provocantes. Palavras são palavras...
3. Você já brincou de poesia? Conte sobre isso.
Nesse momento, veio a surpresa. Quase todos os alunos já tinham escrito algo do gênero para alguém. Mas nunca tinham mostrado a ninguém. Paradoxo?
Logo, convidei-os para brincar de poesia. Assim, começamos a brincadeira: as idas à biblioteca, as escolhas dos autores e poemas que serão apresentados na mostra literária.
Assistimos aos filmes Poeta de Sete Faces de Carlos Drummond e O Auto da Compadecida (texto adaptado - resumo da obra de Ariano Suassuna). E as aulas seguintes? Ensaios e oficinas para produção dos cenários, figurinos e outros.
Logo estaremos prontos para viver uma Tarde Literária.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Enem 2009

Turminha, esta chegando a hora de prestar o exame. Sabemos que o formato da prova mudou, mas o que avaliará?



Vocês já ouviram que o Enem valorizará aptidões como competência, mas o que é competência? Perrenoud define competência como a capacidade de o sujeito mobilizar recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar uma situação complexa. Vasco Pedro Moreto utiliza o princípio de que a competência precisa ser desenvolvida. Cita como exemplo um jogador de fetebol que não nasce sabendo jogar, pode ter têndêcia para essa função, mas é o treinamento constante, associado a muito esforço que melhora sua capacidade de jogar bem. Assim, alguns jogadores desenvolvem sua competência num nível superior. São aqueles que denominamos como craques. Outros, não. Logo, a capacidade de jogar melhor é o que constitui a competência desenvolvida. Perceberam que o importante nesse processo é o desenvolvimento de competências. Para resolução de qualquer situação complexa os sujeitos poderão ter maior ou menor competência. O que pode ser visto como um progressivo desafio que levará o sujeito à superação de seus limites.

Segundo Vasco Pedro Moretto, há cinco recursos para resolução de qualquer situação complexa com competência:

1. Conteúdos conceituais - Ex.: A situação complexa é análise sintática de uma sentença "O assaltante perigoso foi capturado. " Para fazer essa análise será necessário conhecimentos específicos sobre sujeito, adjunto adnominal, verbo, entre outros.

2. Habilidades/ procedimentos - Habilidade está ligado a saber fazer, portanto algo específico. Pede ação intelectual ou física, indicadora de habilidade adquirida pelo sujeito em campos específicos. Perceba que habilidade não é algo inerente ao ser, ninguém nasce sabendo é necessário adquirir experiência , treinar para que se possa saber fazer algo. Logo, é evidente que para desenvolver habilidades e necessário treinar muito. Imagine alguém que se dispõe a aprender uma língua estrangeira, o sujeito precisa passar por diversos processos sistemáticos até que possua habilidade para falar ou escrever.

3. Domínio de linguagens - Cada área do conhecimento possui sua linguagem específica. Portanto, é indispensável o domínio da linguagem de uma determinada área para solucionar uma situação complexa. utilizá-la corretamente é um indicador de competência.

4. Valores culturais - Note que os valores culturais são específicos a diferentes contextos e precisam ser mobilizados na abordagem de uma situação complexa. Para que se saia bem num passeio para um país diferente do seu, é necessário enfrentar valores culturais relativos a essa situação.
5. Administração das emoções - Geralmente há a necessidade de gerenciar as emoções diante de um grupo. Certamente, isso é um indicador de competência. Aquele que não tem competência para mobilizar recursos para esse fim, não terá boa performance. Lembro-me de que ao aplicar uma prova final de álgebra, todos os alunos deixaram a sala, exceto uma menina. No toque, ela entregou-me o teste dizendo:"Professora, eu estudei muito, sabia tudo, mas deu branco." Foi reprovada. Prova é uma situação complexa a ser enfrentada pelos alunos e exige administração das emoções.
O Enem tem preocupado alunos e professores, mas seu objetivo é descobrir se os alunos desenvolveram recursos para resolver situações complexas que exijam capacidade de interpretação e análise. É um novo caminho no cenário da educação . A hora de instaurar novas relações professor, aluno, conhecimento e contexto escolar.
Vamos estudar, turminha.
Este é o momento!
Sábado é dia de reforço. Trabalheremos as questões da última prova do Enem. Não perca a oportunidade de pôr em prática suas habilidades.
Até lá!

domingo, 18 de outubro de 2009

Parabéns, Professores Amadores !


Queridas,
"Que possamos comemorar essa data por muitos e muitos anos...rsrs...Claro, com mais valorização profissional." ( Myriam)

Lembrando sempre a nossa missão "...o que ensina, esmere-se no fazê-lo" (Rm 12.7). Ser professor é ser amador, aquele que se dedica ao que faz por amar demais... É um estado de graça. É muito bom! Por mais que eu tente, não há como adjetivar essa profissão. Eu amo ser professora, compartilhar saberes, aprender com os alunos e colegas. Amá-los, ser amada ou não. O que importa são os braços que nos abraçam na rua, naqueles encontros inesperados, após um grito... Professooora! Aqueles poucos agradecimentos que nos chegam, mas que pagam tuuuuudo. O nosso salário não é o pouco que recebemos. É o prazer de ver progredir aquele que ensinamos, que amamos, que exortamos... Eu creio que Jesus, o grande mestre, ama os professores, tem neles confiança e muito prazer.
( Helena)
Mestre, ensina-nos o caminho, guarda-nos do mal, que com a nossa boca confessemos o teu nome e ajamos sempre com profissionalismo e amor, acreditando sempre nas pessoas e no amanhã. Amém.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Histórias populares


Há no interior do nordeste brasileiro um ciclo de histórias populares de tradição exclusivamente oral que relatam as peripécias de um “sabido” que sempre evitava que o rei lhe pregasse uma peça, a despeito dos esforços reais.
O povo chama o seu anti-herói de “Camonge” que nada mais é do que um personagem do romance picaresco, à maneira de João Grilo, personagem de diversos folhetos de cordel e da peça “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna. Provavelmente a partir de apenas uma história, surgiram várias outras que são passadas através da tradição oral nordestina. As histórias ora parecem se ambientar no sertão, ora lembram Portugal. Muitas vezes o anti-herói tem ares de contestador e em outras parece conformado em estar inserido numa sociedade de subserviência nobiliárquica. Pois bem, o “sabido” Camonge tão querido pelo povo sertanejo, é na verdade a corruptela do nome do poeta português Luís de Camões, o autor de Os Lusíadas.

Adriano Costa

Camonge morre amanhã

Será que vocês já ouviram histórias de Camonge?

O rei queria a todo custo pegar Camonge numa pequena falha para servir de pretexto para levá-lo à forca. Diversas vezes o rei perdera para o sábio como no dia que viu a placa “Só Deus sabe e ele sente”. Se não decifrasse, seria punido com a morte. O letreiro queria dizer que o proprietário da casa tinha sido enganado pela mulher. Só Deus sabia na cidade e só ele sentia o sofrimento. Estava explicado. Estava salvo Camonge. Outro dia o rei queria que Camonge fizesse todo os seus animais rirem. Camonge não se embaraçou: tomou de uma faca bem amolada e cortou os beiços dos pobres animais. Ficaram rindo, na ótica de Camonge. O rei teve que interpretar que os dentes de fora era riso e não sofrimento.Na história de hoje o monarca foi mais radical: obrigou o sábio Camonge a escrever um letreiro dizendo: CAMONGE MORRE AMANHÃ. Assim, não tinha remédio. Ele não poderia escapar desta armadilha apesar de sua esperteza. Amanhã Camonge morre mesmo. Era o que pensava o rei. Puro engano. Cada dia que os carrascos se preparavam para executá-lo, Camonge argumentava com brilhantismo, dizendo: leia aí: “Camonge morre amanhã.” E assim, de amanhã em amanhã, Camonge se safou desta.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

DONA BARATINHA




Era uma vez uma baratinha que varria o salão quando, de repente, encontrou uma moedinha:
- Obá! Agora fiquei rica, e já posso me casar!
Este era o maior sonho da Dona Baratinha, que queria muito fazer tudo como tinha visto no cinema:
Então, colocou uma fita no cabelo, guardou o dinheiro na caixinha, e foi para a janela cantar:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
Um ratinho muito interesseiro estava passando por ali, e ficou imaginando o grande tesouro que a baratinha devia ter encontrado para cantar assim tão feliz.
Tentou muito chamar sua atenção e dizer: "Eu quero! Eu quero!" Mas ele era muito pequeno e tinha a voz muito fraquinha e, enquanto cantava, Dona Baratinha nem ouviu.
Então chegou o , com seu latido forte, foi logo dizendo: - Eu quero! Au! Au!
Mas, Dona Baratinha se assustou muito com o barulhão dele, e disse:
- Não, não, não, não quero você não, você faz muito barulhão!
E o cachorrão foi embora.
O ratinho pensou: agora é minha vez! Mas...
- Eu quero, disse o elefante.
Dona Baratinha, com medo que aquele animal fizesse muito barulho, pediu que ele mostrasse como fazia. E ele mostrou:
- Não, não, não, não quero você não, você faz muito barulhão!
E o elefante foi embora.
O ratinho pensou novamente: "Agora é a minha vez!", mas...
Outro animal já ia dizendo bem alto: "Eu quero! Eu quero!"
E Dona Baratinha perguntou:
- Como é o seu barulho?
- GRRR!
- Não, não, não, não quero você não, você faz muito barulhão!
E vieram então vários outros animais: o rinoceronte, o leão, o papagaio, a onça, o tigre ... A todos Dona Baratinha disse não: ela tinha muito medo de barulho forte.
E continuou a cantar na janela:
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
Também veio o urso, o cavalo, o galo, o touro, o bode, o lobo, ... nem sei quantos mais.
A todos Dona Baratinha disse não.
Já estava quase desistindo de encontar aquele com quem iria se casar.
Foi então que percebeu alguém pulando, exausto de tanto gritar: "Eu quero! Eu quero!"
- Ah! Achei alguém de quem eu não tenho medo! E é tão bonitinho! - disse a Dona Baratinha. Enfim, podemos nos casar!
Então, preparou a festa de casamento mais bonita, com novas roupas, enfeites e, principalmente, comidas.
Essa era a parte que o Ratinho mais esperava: a comida.
O cheiro maravilhoso do feijão que cozinhava na panela deixava o Ratinho quase louco de fome. Ele esperava, esperava, e nada de chegar a hora de comer.
Já estava ficando verde de fome!
Quando o cozinheiro saiu um pouquinho de dentro da cozinha, o Ratinho não aguentou:
- Vou dar só uma provadinha na beirada da panela, pegar só um pedacinho de carne do feijão, e ninguém vai notar nada...
Que bobo! A panela de feijão quente era muito perigosa, e o Ratinho guloso não devia ter subido lá: caiu dentro da panela de feijão, e nunca mais voltou.
Dona Baratinha ficou muito triste que seu casamento tenha acabado assim.
No dia seguinte, decidiu voltar à janela novamente e recomeçar a cantar, mas...
Desta vez iria prestar mais atenção em tudo o que era importante para ela, além do barulhão, é claro!
- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?
FIM

PROJETO "TARDE LITERÁRIA"

Queridos,

Tarde Literária é um projeto criado por mim para compartilhar textos literários diversos: poesias, contos, crônicas, teatro, curtas, música, etc. É um momento lindo! Este ano, alguns professores de outras turmas farão parte do evento. Portanto, creio que será ainda mais surpreendente.
Vale lembrar, que durante o curso de formação continuada para professores - Gestar II. Nós - alunos e professores - compartilhamos momentos maravilhosos. E que serão revividos durante o evento.
Tarde Literária III - Trará contadores de histórias, aquelas que a gente nem lembra mais.
Esperamos vocês .

A MENINA E A FIGUEIRA


Era uma vez, um senhor viúvo, que tinha uma filha muito bonita, com os cabelos longos e da cor do ouro. Sua mãe em vida, penteava e cuidava dos seus cabelos como se realmente fossem fios de ouro. Na vizinhança morava uma moça que queria se casar com o pai da menina e, por isso, fazia-lhe tantos agrados, que ela chegou ao pai e lhe disse: - Meu pai, por que você não se casa com a vizinha? Ela é tão boa para mim! Todos os dias quando vou a sua casa, ela me dá pão com mel. - Minha filha, quando ela se casar comigo, lhe dará pão com fel. Mas a menina não acreditava, e tais agrados a moça lhe fez que o pai acabou se casando com ela. Depois do casamento, a madrasta começou a maltratar a menina, castigando-a pela falta mais insignificante. O marido tinha no jardim uma enorme figueira, e a pequena era obrigada a vigiá-la o dia todo, para que os passarinhos - seus amigos - não comessem os figos e quando isto acontecia, a madrasta batia-lhe sem piedade. Aconteceu, um dia, que os pássaros comeram os figos, e tendo viajado o marido, a madrasta enterrou a menina num capinzal que havia no jardim. No dia seguinte, o marido chegou e procurou a filha; a madrasta disse-lhe que havia desaparecido. Mais tarde, o jardineiro foi cortar capim para dar ao cavalo e ao passar a foice no capim, ouviu este canto triste e se pôs a escutar: Jardineiro de meu pai Não me corte os meus cabelos, Minha mãe me penteou, minha madrasta me enterrou, Pelos figos da figueira que o passarinho bicou. Xô passarinho, xô passarinho, da figueira de meu pai. Então o jardineiro foi contar ao patrão o que acabara de ouvir. Este foi ao capinzal, mandou o jardineiro passar a foice no capim, e novamente ouviram o canto. Reconhecendo a voz da filha, mandou o jardineiro cavar a terra e, encontrando a menina ainda com vida, levou-a para casa. Botou a mulher para fora e não quis mais saber dela ficando só com a filha. Era uma vez a vaca Vitória. Caiu no buraco; depois vem outra história...

COMADE FULOZINHA

 Desenho feito pela Jaka
Turminha,
Vocês já ouviram falar dessa personagem bem pernambucana?
A minha avó Nenem era uma grande contadora de histórias. E eu as adorava. Ela tinha um dom especial para narração. Cantava, usava o sotaque condizente ao da personagem. Fazia suspense e surpreendia-nos nos momentos mais inesperados. Ela tinha muita sensibilidade, e quanto poder de encantamento... Bons tempos.
Duas das histórias contadas, encantavam-me: "A menina e a figueira" e "Comade Fulozinha".
Participando do Gestar II - Curso de Formação Continuada para Professores, ouvi falar de um longa produzido por professores e alunos pernambucanos. Lá de Caruaru. Assisti ao filme sozinha e... "choquei". O filme é ÓÓÓTIMO. Resolvi, então, compartilhá-lo com os meus alunos da Escola Profa. Helena Pugó. A turminha amou. O melhor de tudo foi saber que essas estórias continuam sendo transmitidas através das gerações. A maioria deles conhecia a personagem. Foi uma tarde de encantamento. Depois desse momento, trabalhamos produção de textos orais. Ouvimos as opiniões sobre a lenda, ouvimos outras lendas, discutimos a importância dos contadores de histórias e, finalmente, trabalhamos o gênero. Leia, agora, algumas informações sobre o filme.
"Deveria ser apenas um projeto independente feito por alunos e professores do Colégio Diocesano de Caruaru, mas o filme Cumade Fulozinha foi muito além. Exibido em agosto e setembro de 2007, no teatro do Sesc, o longa contava a história da mais famosa lenda pernambucana. O boca a boca se encarregou do resto. Em pouco tempo, o filme foi exibido no Alto do Moura, além de cidades como Camocim de São Félix, Bezerros e Agrestina, e em alguns colégios da cidade. Após o lançamento do DVD, em novembro, tomou conta de algumas locadoras e passou a ser exibido também em mais escolas. O roteirista, produtor e diretor Menelau Júnior, colunista do VANGUARDA, diz que não esperava uma repercussão tão grande: "Foi maravilhoso ver gente de todas as idades assistindo ao filme e conhecendo um pouco mais de nossa cultura". Comade Fulozinha fez tanto sucesso no Interior do Estado, que agora ganha uma continuação: Comade Fulozinha 2 - A Noite dos Assovios. A história se passa um ano depois dos acontecimentos do primeiro filme. Começa exatamente onde Comade Fulozinha terminou, com a pequena Renatinha (interpretada por Renata Jéssica) sendo atacada. Mas agora há novos personagens e locações. "É tudo maior nesta continuação", afirma Menelau. "Continuamos filmando com apenas uma câmera, mas a experiência do primeiro filme nos ajudou a melhorar bastante. Há mais suspense e mais sustos", acrescenta.O foco da história agora não está mais nos adolescentes do primeiro filme. Embora todos eles estejam de volta, são as meninas Renatinha (Renata Jéssica) e Daniele (Jamilly Freire, de apenas 11 anos, impecável) que passam a maior parte do tempo em apuros. No papel de Comade Fulozinha, a adolescente Iara Ohara, que desta vez pôde aparecer sem maquiagem, numa seqüência em que se revela a origem da Comade Fulozinha."
Turminha, em breve assistiremos ao filme Comade Fulozinha 2 - A noite dos Assovios.