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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O diálogo entre textos: a intertextualidade




Oi, turminha!


Hoje vamos falar sobre a intertextualidade. Você lembra o que é?



Intertextualidade é o que ocorre toda vez que um texto tem relações claras com outro ou outros. É, portanto, um diálogo de um texto com outro.
Esse diálogo ou retomada de um texto, ocorre nas mais diversas situações e nos mais diversos tipos de comunicação, e está presente tanto nas manifestações artísticas quanto no nosso cotidiano.
(Gestar II)
A intertextualidade ocorre em diversas áreas do conhecimento. Abaixo vemos uma delas:
A literatura: por exemplo, entre Casimiro de Abreu “Meus oito anos” e Oswald de Andrade “Meus oito anos”. Aquele foi escrito no século XIX e este foi escrito no século XX. Portanto, o 2 cita o 1, estabelecendo com ele uma relação intertextual.
Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjas! Casimiro de Abreu
Meus oito anos Oh! Que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da rua São Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais! Oswald Andrade

Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
Epígrafe - constitui uma escrita introdutória a outra.
Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas.
Paráfrase - é a reprodução do texto do outro com a palavra do autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o autor deixa claro sua intenção e a fonte.
Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando à ironia,ou à crítica
Pastiche - uma recorrência a um gênero.
Tradução - a tradução está no campo da intertextualidade porque implica na recriação de um texto.
Referência e alusão.


Hoje, em nosso encontro semanal, recebemos a tarefa de produzir um intertexto , resolvi fazer uma paródia.

Recife a Veneza sanguinara

Minha terra tem favela
Onde se escondem os marginá
Não permita Deus que eu morra
Num assalto no siná
Que é a sina do povo que vive por cá.

Minha terra tem sol todo dia
Água de mar e mulher que se veste com ousadia,
Mas farta escola das boa pras pessoa estudá
O Governadô diz que tudo vai melhorá
Deu inté notobuco pros professô trabaiá
Em cismá sozinho de noite
me boto a matutá
Não permita Deus que eu morra
Sem vê meus fios se formá

Minha terra tem riquezas
Isso num posso anegar,
Mas tem pobreza de sobra
Espaiadas pelas ruas do lugá
Os meninos a fumá craque
Veem seu destino acabá
Perdem a vida no tráfico
Numa luta desiguá
Não permita Deus que eu morra
Sem vê a juventude vingá

Na minha terra se prantando tudo dá
Já dizia Lima Barreto num clássico romance populá
Mas a injustiça continua a imperá
Os ricos, cada vez mais ricos
Ouvem o canto do sábia
Os pobres cada vez mais pobres
Veem os urubus avoá
Pensam logo nos seus fios
E começam a rezá, pois sabem
que presunto vão encontrá
Não permita Deus que eu morra
Sem vê essa históra mudá

Aqui progama de fofoca
Se chama Cardinô
Bronca pesada tem por lá
Aquilo é um horror!
Na frente da televisão fica toda a molecada
Esperando pra vê a turma da pesada
Quando o apresentadô diz acabou essa porcaria
Os menino corre pra escola
É aquela gritaria
Não permita Deus que eu morra
Sem vê acabá essa baixaria

Vou ficando por aqui
Terminando essa paródia
Quem num gostá
Que se dane
E vá criá outra históra.


Helena Caldas ( Homenagem a Patativa do Assaré - Grande Mestre)

3 comentários:

  1. Sandra 05/06/2012
    Perfeita e atualíssima! Retrata o que está acontecendo em todas as capitais e cidades de nosso país.

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