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terça-feira, 17 de novembro de 2009

LUA ADVERSA




Tenho fases, como a lua

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua...

[...]

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia

seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém

(tenho fases como a lua...)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua... E,

quando chega esse dia,

o outro desapareceu...

(Cecília Meireles)


O desencontro do amor e das horas que nos deixa confusas. A irreversibilidade do tempo e a incompetência do homem para gerir sua vida. Cecília soube, como ninguém, traduzir essa incapacidade humana de transformar sonho em verdade. Trazendo para o seu canto a manifestação do real no imaginário, somente porque era poeta.

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