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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Colocação Pronominal

Colocação pronominal é a colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos - me, te, se, o(s), a(s), lhe(s), nos, e vos. Na Língua  Portuguesa, existem regras de colocação desses pronomes em relação aos verbos que eles acompanham, dependendo da posição que ocupam.

A colocação pronominal é uma questão de eufonia, ou seja, de harmonia sonora na frase. Conhecer algumas regras ditadas pela variedade padrão é apropriado para, quando necessário.

São três as posições que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam em relação aos verbos.
  • Antes do verbo: próclise 
        Ex. Ele vivia a me corrigir
  • Depois do verbo: ênclise
         Ex. Quero corrigir-te sempre.
  • No meio do verbo: mesóclise
         Ex. Corrigi-la-ei só mais uma vez.

Próclise
A próclise é usada quando antes do verbo há palavras que exercem atração pelo pronome.

Palavras que exercem atração:
Palavras de sentido negativo: não, nunca, jamais, nem, nenhum, etc.
Ex. nunca me contaram a verdade, não lhe disse?

Advérbios ou locuções adverbiais: ontem, hoje, agora, à noite, etc.

Ex. Ontem o encontrei na casa de amigos.

Pronomes relativos: que, cujo, qual, quem, etc.

Ex.: Os poetas que se manifestaram foram entrevistados.

Pronomes indefinidos: alguém, ninguém, tudo, pouco, muito, etc.

Ex. Alguém lhe entregou flores vermelhas.

Pronomes demonstrativos: este, esta, isso, aquilo, etc.
Ex. Isso nos incomodou muito.

Conjunções subordinativas: quando, que, se, embora, etc.

Ex. Quis saber seu nome, quando o vi pela primeira vez.

Observações pertinentes

1. Embora não façam parte da lista oficial, os pronomes pessoais costumam, no Brasil, atrair o pronome oblíquo.
Exemplos: Ele se disfarçou./ Nós nos desculparemos.

2. Também se usa a próclise em frases exclamativa, interrogativas diretas e optativas (frases que exprimem desejos).

Exemplos: Quanto me perturbou aquele quadro ali na estrada!
                 Quem lhe disse tamanha besteira.
                  Deus lhe pague!

3. A próclise também é empregada quando o verbo está no gerúndio precedido de preposição.

Exemplo: Em se tratando de política exterior, é bom ter cuidado.

Ênclise

A ênclise é usada nas seguintes situações:

• Quando o verbo está no início da frase:
Pediram-me que eu declamasse mais uma vez.

• Quando o verbo não está no início da frase, mas é precedido de pausa.
Assim que entraram no estádio, sentaram-se nas primeiras cadeiras.

• Quando o verbo está no gerúndio ou no infinitivo pessoal não precedido de preposição.
• Saiu, esquecendo-se da mochila.

Mesóclise
A mesóclise é usada quando o verbo está no futuro do pretérito ou no futuro do presente, desde que não venha precedido por palavra atrativa.
Exemplo:
Solicitar-nos-á uma visita de cortesia.

Na linguagem oral, no Brasil evita-se a mesóclise, usando-se, por exemplo, o pronome antes do verbo.
Ele nos solicitará uma visita.
Ele te diria, se o soubesse.

Em locuções verbais
Em locuções verbais, se o verbo principal estiver no infinitivo ou no gerúndio, coloca-se o pronome imediatamente antes ou depois do verbo principal.

Exemplos:
Vou-lhe contar tudo.
Vou contar-lhe tudo.

Observação: se tiver palavra atrativa, o pronome pode ser colocado antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:

Não lhe estou contando isso por diversão.
Não estou contando-lhe isso por diversão.

Nos tempos compostos, formados por verbo auxiliar e particípio, o pronome junta-se ao verbo auxiliar.

Exemplos.

Havia nos dito coisas duras.
O diretor nos havia dito coisas duras.
Ter-lhe-ia respondido duramente também.

Se houver palavra atrativa, o pronome será colocado antes do verbo auxiliar.
Exemplo:
Ninguém te havia falado assim antes?

Bibliografia

Projeto Araribá: português: ensino fundamental/ obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora executiva Áurea Regina Kanashiro. - 2 ed.- São Paulo: Moderna, 2007.

Concordância nominal

CONCORDÂNCIA DO ADJETIVO COM O SUBSTANTIVO


Regra geral: o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo.

1. Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos:

a) o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo se apenas a ele se refere: Lá estava o cavalo e a casa DESTELHADA.

b) irá para o plural se sua referência se estender a todos; se todos os substantivos são do mesmo gênero, este será conservado: Aquele foi um beijo e um abraço DEMORADOS.

Ela tem roupa e casa LIMPAS. / Pelé e Amarildo saíram CABISBAIXOS.

Observação: se os gêneros são diferentes, receberá o adjetivo flexão masculina:

Mulher e marido BRIGUENTOS devem ter paciência.

c) o adjetivo concorda em gênero e número com o mais próximo:

- quando os substantivos são sinônimos entre si: O furor e a raiva HUMANA podem matar.

- quando os substantivos se alinham em gradação: A inteligência, o esforço, a dedicação EXTRAORDINÁRIA venceu tudo.

2. Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos:

a) quase sempre concorda com o substantivo mais próximo em gênero e número: Escolheste MAU lugar e hora para falar no assunto. / AROMÁTICAS rosas e cravos adornam o jardim.

b) se o adjetivo estiver anteposto a nomes próprios de pessoas ou a títulos, deverá ir para o plural: Muito nos ensinaram os GRANDES Machado de Assis e José de Alencar. / Os AFORTUNADOS embaixador dos Estados Unidos e primeira-ministra de Israel escaparam do atentado.

II - CASOS ESPECIAIS

1. ANEXO - INCLUSO - LESO - MESMO - PRÓPRIO - QUITE - OBRIGADO

- Concordam com o substantivo a que se referem:

• ANEXO é adjetivo e, em consequência, concorda com o substantivo a que se relaciona em gênero e número. Exemplos:

"... foi professor de Gramática, Geografia e História na escola ANEXA à militar." (Fausto Barreto)

"Vão ANEXAS as palavras que lhe ouvi." (apud Cândido Jucá Filho)

ANEXA à presente, enviamos a relação das mercadorias.

No processo de compra, não estavam ANEXOS os orçamentos.

Observação: Em anexo é expressão adverbial, invariável, e de largo uso, embora combatida por alguns autores.

• INCLUSO: vale a mesma observação a respeito de anexo. Exemplos:

Remeto a V.S.as., INCLUSA nesta pasta, uma fotocópia do recibo.

Remeto a V.S.as. o recibo INCLUSO nesta pasta.

• LESO é adjetivo e, como tal, flexiona-se. Exemplos:

Cometeu crime de LESO-patriotismo.

Ajudar esses espiões seria crime de LESA-pátria.

• MESMO:

a) como adjetivo é variável e equivale a idêntico, igual, análogo. Exemplos:

"Os fantasmas não fumam, porque poderiam fumar a si MESMOS." (Mário Quintana)

Os alunos MESMOS organizaram o trabalho.

"A viagem do sono nem sempre é a MESMA viagem." (Paulo Mendes Campos)

"Percorrera aquela MESMA senda, aspirava aquele MESMO vapor que baixava denso do céu verde." (L.F. Telles)


b) Como advérbio é invariável e corresponde a justamente, exatamente, ou ainda, até. Exemplos:

"Você esperneia, revolta-se - adianta? MESMO sua revolta foi protocolada." (C.D.A.)

"Livro raro, MESMO, é aquele que foi emprestado e foi devolvido." (Plínio Doyle)

Observação: Não se deve dizer: conosco mesmos ou convosco mesmos; o correto é: com nós mesmos e com vós mesmos.

• Para os casos abaixo, vale a mesma observação a respeito de MESMO enquanto adjetivo. Exemplos:

Eu PRÓPRIA conferi a carga, disse a secretária. / OBRIGADO, respondeu o chefe. / A esposa do chefe também não cansava de dizer OBRIGADA. / Estou QUITE com minhas dívidas. / Estamos QUITES com o serviço militar. (Obs.: forma do particípio passado do verbo quitar, flexiona-se em número)

2. é PRECISO, é NECESSÁRIO, é BOM, é PROIBIDO e expressões equivalentes

a) referindo-se a nomes sem elementos determinantes, essas expressões ficam invariáveis: É PRECISO força para trabalhar e estudar. / É NECESSÁRIO segurança para se viver bem. / É BOM plantação de erva-cidreira para afugentar formigas. / Água é BOM. / É PROIBIDO entrada de pessoas estranhas ao serviço.

b) com nomes acompanhados de elemento determinante, essas expressões concordam com ele em gênero e número: SERIAM PRECISOS vários bombeiros para deter o incêndio.

É NECESSÁRIA a tua compreensão. / É BOA a plantação de erva-cidreira para afugentar formigas. / A água é BOA para a saúde. / É PROIBIDA a entrada de animais. / "Não viu o letreiro: 'É expressamente PROIBIDA a entrada'?" (C. D. A.)

3. Só - SÓS

a) Só (adjetivo) corresponde a sozinho, único, solitário e apresenta flexão de número, concordando com a palavra a que se refere. Exemplos: Eles estão SÓS. / "Outros estão SÓS, como tu, mas presos a uma inibição ou a uma disciplina." (C.D.A) / "...sabia cozinhar, arrumar a casa e servir com eficiência a senhor SÓ." (Fernando Sabino)

b) Só (advérbio) corresponde a somente, unicamente, apenas e não se flexiona: é invariável. Exemplos: Ele SÓ falou bobagens. / "SÓ não sai de moda quem está nu." (Mário Quintana) / "Vende-se uma cama da casal usada uma noite SÓ." (Leon Eliachar).

Observação: Existem as locuções a só e a sós, esta mais frequente, equivalente a sem companhia: é invariável. Exemplos: Eles ficaram a sós/ O casal ficará a sós. / " - Amigo João Brandão - disse pausadamente o homem quando ficaram a sós..." (C.D.A)


4. BASTANTE(s) pode ser:

a) bastante = advérbio de intensidade: é invariável.

Ele ficou BASTANTE preocupado / Os pós-graduandos estudam BASTANTE.

b) bastante = pronome indefinido (= muitos) - flexiona-se

Naquela classe há BASTANTES rapazes.


5. MEIO

a) meio = advérbio de intensidade: é invariável.

Ando MEIO distraída ultimamente. / "Sentava calado, com a cara MEIO triste, um ar sério." (Rubem Braga) / Existem maridos que são MEIO surdos: sempre que suas mulheres lhes pedem 50 eles só ouvem 25." (Leon Eliachar)

b) meio = numeral (= metade): flexiona-se.

É MEIO dia e MEIA. (meia hora)

Ele comeu MEIO bolo sozinho.

6. MENOS - ALERTA - PSEUDO - A OLHOS VISTOS

São sempre invariáveis.

• Na classe, há MENOS moças que rapazes. / Mais amor e MENOS confiança./ "Devora-se a infeliz mísera gente: E sempre reduzida a MENOS terra." (Santa Rita Durão) / "A cidade, aliás, está parecendo mais civilizada: com MENOS gente, MENOS carros, dir-se-ia mais habitável..." (Cláudio Abramo)

• Lúcia emagreceu A OLHOS VISTOS.

• ALERTA, segundo Antenor Nascentes, trata-se de uma interjeição militar; era um grito que se proferia à aproximação do inimigo. José Pedro Machado confirma a informação. Logo, por ter valor interjectivo, permanece invariável. Outros o consideram advérbio (em estado de prontidão) e, assim, também, permanece invariável. Exemplos:

"Antes ouvido a revolta da cidade, estiverão mais ALERTA." (apud José Pedro Machado - texto arcaico) / "Duas sentinelas sempre ALERTA." (Alencar apud Cândido Jucá Filho) / Na porta dos bancos, os seguranças ficam ALERTA.

• Trata-se de PSEUDO-especialistas.

*Jorge Viana de Moraes é professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação na área de Letras. Atualmente, mestrando em Língua Portuguesa e Filologia pela Universidade de São Paulo.

Disponível em : http://educacao.uol.com.br/portugues/concordancia-nominal.jhtm

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Belo belo

                                             http://www.memoriabravobrasil.com.br/imagens

Belo belo minha bela

Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto


Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco

Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cuzco


Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa


Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.


(Manuel Bandeira)

Função da palavra que

Função da Palavra QUE


.............A palavra QUE pode pertencer a várias categorias gramaticais, exercendo as mais diversas funções sintáticas. Veja abaixo quais são essas funções e classificações.

- Advérbio

Intensifica adjetivos e advérbios, atuando sintaticamente como adjunto adverbial de intensidade. Tem valor aproximado ao das palavras quão e quanto.

Ex1: Que longe está meu sonho!
Ex2: Os braços... Oh! Os braços! Que bem-feitos!

- Substantivo

Como substantivo, tem o valor de qualquer coisa ou alguma coisa. Nesse caso, é modificado por um artigo, pronome adjetivo ou numeral, tornando-se monossílabo tônico ( portanto, acentuado). Pode exercer qualquer função sintática substantiva.

Ex1: Um tentador quê de mistério torna-a cativante.
Ex2: "Meu bem querer tem um quê de pecado..." ( Djavan) Também quando indicamos a décima sexta letra do nosso alfabeto usamos o substantivo quê.
Ex : Mesmo tendo como símbolo kg, a palavra quilo deve ser escrita com quê.

- Preposição

Equivale à preposição de ou para, geralmente ligando uma locução verbal com os verbos auxiliares ter e haver. Na realidade, esse QUE é um pronome relativo que o uso consagrou como substituto da preposição de.

Ex1: Tem que combinar? (= de)
Ex2: Amanhã, teremos pouco que fazer em nosso escritório. (= para)
Além disso, a partícula QUE atua como preposição quando possui sentido próximo ao de exceto ou salvo.

Ex : Chegara sem outro aviso que seu silêncio inquietante.

- Interjeição

Como interjeição, a palavra QUE (exclamativo) também se torna tônica, devendo ser acentuada. Exprime um sentimento, uma emoção, um estado interior e, equivale a uma frase, não desempenhando função sintática em oração alguma.

Ex1: Quê! Você por aqui!
Ex2: Quê! Nunca você fará isso!

- Partícula expletiva ou de realce

Neste caso, a retirada da palavra QUE não prejudica a estrutura sintática da oração. Sua presença, nestes contextos, é um recurso expressivo, enfático.

Ex1: Quase que ela desmaia!
Ex2: Então qual que é a verdade? Obs: Pode aparecer acompanhado do verbo ser, formando a locução é que.
Ex: Mas é que lá passava bonde.

- Pronome relativo

O pronome relativo refere-se a um termo (por isso mesmo chamado de antecedente), substantivo ou pronome, ao mesmo tempo que serve de conectivo subordinado entre orações. Geralmente, o pronome relativo introduz uma oração subordinada adjetiva, nela desempenhando uma função substantiva. Neste caso, pode ser substituído por qual, o qual, a qual, os quais, as quais.

Ex1: João amava Teresa que amava Raimundo.
Ex2: Às pessoas que eu detesto diga sempre que eu detesto.

- Pronome indefinido substantivo

Quando equivale a "que coisa".

Ex1: Que caiu?
Ex2: A fantasia era feita de quê?

- Pronome indefinido adjetivo

Quando, funcionando com adjunto adnominal, acompanha um substantivo.

Ex1: Que tempo estranho, ora faz frio, ora faz calor.
Ex2: Que vista linda há aqui!

- Pronome substantivo interrogativo

Substitui, nas frases da língua, o elemento sobre o qual se deseja resposta, exercendo sempre uma das funções substantivas, significando que coisa.

Ex1: Que terá acontecido? (= que coisa)
Ex2: Que adiantaria a minha presença? (= que coisa)

- Pronome adjetivo interrogativo

Acompanha os substantivos nas frases interrogativas, desempenhando função de adjunto adnominal.

Ex1: Que livro você está lendo?
Ex2: "Por aquela que foi tua, que orvalho em teus olhos tomba?" ( Cecília Meireles)

Obs: Caso semelhante (o qual não figura entre os tipos de pronomes registrados pela NGB) ocorre em frases exclamativas. Nesse caso, teríamos um pronome adjetivo exclamativo, sintaticamente atuando como adjunto adnominal.

Ex1: Que poema acabamos de declamar!
Ex2: Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela!

- A conjunção QUE

O QUE pode ser conjunção coordenativa ou subordinativa.
- Conjunção coordenativa

Como conjunção coordenativa, a palavra QUE liga orações coordenadas, ou seja, orações sintaticamente equivalentes.

- Aditiva

Liga orações independentes, estabelecendo uma seqüência de fatos. Neste caso, o QUE não tem valor bastante próximo de conjunção e.

Ex1: Anda que anda e nunca chega a lugar algum.
Ex2: Fica lá o tempo com aquele chove que chove...!

- Explicativa

A oração coordenada explicativa aponta a razão de se ter feito a declaração contida em outra oração coordenada. Quando introduz esse tipo de oração, o QUE tem valor próximo ao da conjunção pois.

Ex1: Mantenhamo-nos unidos, que a união faz a força.
Ex2: Deixe, que os outros pegam.

- Adversativa Indica oposição, ressalva, apresentando valor equivalente a mas.

Ex1: Outro, que não eu, teria de fazer aquilo.
Ex2: Outro aluno, que não eu, deveria falar-lhe, professor!

- Conjunção subordinativa

A conjunção QUE é subordinativa quando introduz orações subordinadas substantivas e adverbiais. Essas orações são subordinadas porque desempenham, respectivamente, funções substantivas e adverbiais em outras orações ( chamadas principais ).

- Integrante

O QUE é conjunção subordinativa integrante quando introduz oração subordinada substantiva.

Ex1: "E ao lerem os meus versos pensem que eu sou qualquer coisa natural."( Alberto Caeiro)
Ex2: Parecia-me que as paredes tinham vulto.

- Causal

Introduz as orações adverbiais causais, possuindo valor próximo a porque.

Ex1: Fugimos todos, que a maré não estava pra peixe.
Ex2: Não esperaria mais, que elas podiam voar

- Final

Introduz orações subordinadas adverbiais finais, equivalendo a para que, a fim de que.

Ex1: "...Dizei que eu saiba." ( João Cabral de Melo Neto)
Ex2: Todos lhe fizeram sinal que se calasse.

- Consecutiva

Introduz as orações subordinadas adverbiais consecutivas.

Ex1: A minha sensação de prazer foi tal que venceu a de espanto.
Ex2: "Apertados no balanço Margarida e Serafim Se beijam com tanto ardor Que acabam ficando assim." ( Millôr Fernandes)

- Comparativa

Introduz orações subordinadas adverbiais comparativas.

Ex1: Eu sou maior que os vermes e todos os animais.
Ex2: As poltronas eram muito mais frágeis que o divã.

- Concessiva

Introduz orações subordinada adverbial concessiva, equivalente a embora.

Ex1: Que nos tirem o direito ao voto, continuaremos lutando.
Ex2: Estude, menino, um pouco que seja!

- Temporal

Introduz oração subordinada adverbial temporal, tendo valor aproximado ao de desde que.

Ex1: "Porém já cinco sóis eram passados que dali nos partíramos." ( Camões)
Ex2: Agora que a lâmpada acendeu, podemos ver tudo.


Referências Bibliográficas

COSTA, Eliocarlos Liibe da, PIMENTEL, José C., BARBARIORI, Artur, PATROCÍNIO,Rafaela.
A função das palavras Se, Que e Como.  http://www.geocities.com/Atheus/Crete/5951

A palavra se

A palavra SE pode exercer diversas funções dentro da língua portuguesa. Tais funções são as seguintes:


a) Pronome apassivador ou partícula apassivadora

.............Aparece na formação da voz passiva sintética com verbos transitivo direto, e transitivo direto e indireto; com verbo transitivo apenas indireto, não há possibilidade. Na prática, a frase pode ser transposta para a passiva analítica ( com dois verbos ).

Ex1: Reformam-se móveis velhos. (= Móveis velhos são reformados. )
Ex2: Entregou-se o prêmio ao aluno que obteve a melhor nota. (= O prêmio foi entregue ao aluno que obteve a melhor nota. )

b) Índice de indeterminação do sujeito

.............Também chamado de pronome impessoalizador, pronome apassivador impessoal ou, ainda, símbolo de indeterminação do sujeito, aparece junto a verbo intransitivo ou transitivo indireto.

.............Como o nome já diz, quando exerce essa função, a palavra SE indetermina o sujeito da oração. Esse tipo de oração não admite a passagem para a voz passiva analítica e o verbo estará sempre na 3º pessoa do singular.

Ex1: Vive-se bem naquele país.
Ex2: Precisava-se de novas fontes de riquezas.

c) Pronome reflexivo

.............Usado para indicar que a ação praticada pelo sujeito recai sobre o próprio sujeito ( voz reflexiva). É substituível por: a si mesmo, a si próprio etc.

Ex1: O lenhador machucou-se com a foice. (= machucou a si mesmo)
Ex2: Localize-se no mapa. (= localize a si próprio)

d) Pronome reflexivo recíproco

.............Usado para indicar que a ação praticada por um dos elementos do sujeito recai sobre o outro elemento do sujeito e vice-versa. Na prática, é substituível por: um ao outro, uns aos outros etc.

Ex1: Pai e filho abraçaram-se emocionados. (= abraçaram um ao outro )
Ex2: Amigo e amiga deram-se as mão afetuosamente. (= deram as mãos um ao outro)

e) Parte integrante do verbo

.............Há verbos que são essencialmente pronominais, isto é, são sempre apresentados e conjugados com o pronome. Não se deve confundi-los com os verbos reflexivos, que são acidentalmente pronominais. Os verbos essencialmente pronominais geralmente se referem a sentimentos e fenômenos mentais: indignar-se, ufanar-se, atrever-se, admirar-se, lembrar-se, esquecer-se, orgulhar-se arrepender-se, queixar-se, etc.

Ex1: Os atletas queixaram-se do tratamento recebido.
Ex2: Ele não se dignou a entrar.

f) Partícula expletiva ou de realce

............. O SE é considerado partícula expletiva ou de realce quando ocorre, principalmente, ao lado de verbos intransitivos, de movimento ou que exprimem atitudes da pessoa em relação ao próprio corpo ( ir-se, partir-se, chegar-se, passar-se, rir-se, sentar-se, sorrir-se, etc. ), em construções em que o SE não apresenta nenhuma função essencial para a compreensão da mensagem. Trata-se de um recurso estilístico, um reforço de expressão.

Ex1: Acabou-se a confiança no próximo.
Ex2: Lá se vai mais um caminhão de verduras.

g) A conjunção SE

............. Atuando como conjunção, o SE sempre introduz oração subordinada.

- Conjunção subordinativa integrante

Inicia orações subordinadas substantivas ( subjetiva, objetiva direta, etc.).

Ex1: Ninguém sabe se ele venceu a partida.
Ex2: Não sei se tudo isso vale a pena.

- Conjunção subordinativa condicional

Introduz as orações subordinadas adverbiais condicionais. Essas orações exprimem a condição necessária para que se realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. Essa relação também se pode dar em um sentido hipotético.

Ex1: Se não chover, partiremos à tarde.
Ex2: O material será devolvido se você quiser.

- Sujeito de um infinitivo

Trata-se das estruturas formadas pelos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e sensitivos (ver, ouvir, sentir, etc.) quando seguidos de objeto direto na forma de oração reduzida. Nesse casos, o pronome SE atuará sintaticamente como sujeito.

Ex1: Deixou-se ficar à janela a tarde toda.
Ex2: O jovem professor sentiu-se fraquejar.

- Objeto direto

Acompanha verbo transitivo direto que tenha sujeito animado.

Ex1: Ergueu-se, passou a toalha no rosto.
Ex2: Vestiu-se rapidamente, telefonou pedindo um táxi, saiu.

- Objeto indireto

Aparece quando o verbo é transitivo direto e indireto.

Ex1: Ele arroga-se a liberdade de sair a qualquer hora.
Ex2: Ele impôs-se uma disciplina rigorosa.

Disponível em: http://www.ufv.br/tutoria/portugues/se_que_comoFSE.htm
Referências Bibliográficas

COSTA, Eliocarlos Liibe da, PIMENTEL, José C., BARBARIORI, Artur, PATROCÍNIO,Rafaela.
A função das palavras Se, Que e Como. ( http://www.geocities.com/Atheus/Crete/5951)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Para você


O SENHOR te ouça no dia da angústia, o nome do Deus de Jacó te proteja.
Envie-te socorro desde o seu santuário, e te sustenha desde Sião.
Lembre-se de todas as tuas ofertas, e aceite os teus holocaustos.
Conceda-te conforme ao teu coração, e cumpra todo o teu plano.
Nós nos alegraremos pela tua salvação, e em nome do nosso Deus arvoraremos pendões;
cumpra o Senhor todas as tuas petições.
Agora sei que o Senhor salva o seu ungido;
ele o ouvirá desde o seu santo céu,
com a força salvadora da sua mão direita.
Uns confiam em carros e outros em cavalos,
 mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.
Uns encurvam-se e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé.
Salva-nos, Senhor; ouça-nos o rei quando clamarmos.
Salmos 20

Decodificando o texto




Oi, turminha!


É interessante descobrir que palavras e expressões utilizadas em nosso cotidiano muitas vezes surgiram há muito tempo. Eu trouxe algumas dessas expressões, espero que gostem.

De mãos abanando
Na época da intensa imigração no Brasil, os imigrantes tinham que ter suas próprias ferramentas. As "mãos abanando" eram um sinal de que aquele imigrante não estava disposto a trabalhar. A partir daí o termo passou a ser empregado para designar alguém que não traz nada consigo. Uma aplicação comum da expressão é quando alguém vai a uma festa de aniversário sem levar presente.

Onde Judas perdeu as botas
A expressão "onde Judas perdeu as botas" é usada para designar um lugar distante, desconhecido e inacessível.
Existe uma história não comprovada que relata que após trair Jesus, Judas enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o dinheiro que ganhara por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem seus sapatos, saíram em busca dos mesmos e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se tais botas foram achadas.

Pensando na Morte da Bezerra

A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, nas quais os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados.
Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ficou se lamentando e pensando na morte do mesmo. Após alguns meses o garoto morreu. Foi desta forma que surgiu tal expressão.

Tirar o Cavalo da Chuva

No século XIX, quando uma visita iria ser breve, deixavam o cavalo ao relento, em frente à casa do anfitrião. Caso a visita fosse demorar, colocavam o animal nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol.
Contudo, o convidado só poderia colocar seu cavalo protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.

Jurar de Pés Juntos
A expressão surgiu através das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado até dizer a verdade. Até hoje, o termo é empregado para expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

Lágrima de Crocodilo
Quando dizemos que uma pessoa está chorando “lágrimas de crocodilo”, estamos querendo dizer que ela está fingindo, chorando de uma forma falsa. Tal expressão, utilizada no mundo inteiro, veio do fato de que o crocodilo, quando está devorando suas presas, faz uma pressão muito forte sobre o céu da boca e estimula suas glândulas lacrimais, dando a impressão de que o animal está chorando. Obviamente, o animal não “chora”, por isso surgiu a expressão popular.

Disponível em : http://www.historiadetudo.com/expressoes-populares.html



A um Passarinho


Para que vieste

Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.
Deixa-te de histórias
Some-te daqui!

Vinícius de Moraes

Escrita e ortografia

1. (Uel) ....., o rapaz não consegue libertar-se de velhas .....; ...... é infeliz.

a) Mau-humorado - tensões - porisso
b) Mal-humorado - tenções - por isso
c) Mau-humorado - tensões - por isso
d) Mal-humorado - tenções - porisso
e) Mal-humorado - tensões - por isso

Resposta: e
 
2. (Uel) É nas ..... do Palácio que ocorrem, por motivos ....., as disputas do poder de influência sobre o Presidente.
a) antes-sala - quaisquer
b) ante-salas - qualquer
c) antessalas - quaisquer
d) antes-salas - qualquer
e) ante-salas - quaisquer

Resposta: c
 
3. Os........receberão duras.........se não........o que furtaram.
a) mausfeitores - sanções - repuserem
b) malfeitores - sançães - reporem
c) malfeitores - sanções - repuserem
d) malfeitores - sanções - reporem
e) mausfeitores - sançães - repuserem

Resposta: c
 
4. (Mackenzie ) Assinale a seqüência totalmente correta.
a) sombrancelha, reivindicar, estrupo.
b) elocubração, imbutido, empecilho.
c) advinhar, asterístico, beneficiente.
d) fragância, fraticídio, irriquieto.
e) meritíssimo, privilégio, retrógrado.

Resposta: e

5. (Uel) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.
Elas ficaram ...... impressionadas com seus poderes ...... .

a) meio - supra-sensoriais
b) meias - supras-sensoriais
c) meio - suprassensoriais
d) meias - supra-sensorial
e) meio - supra-sensorial

Resposta: c

6. Os turistas ...... admiraram-se com o número de ...... que havia na aldeia.
a) recéns-chegados - artesãos
b) recém-chegados - artesãos
c) recém-chegados - artesães
d) recém-chegado - artesãos
e) recéns-chegados - artesães

Resposta: b
 
7.(Fei 97) Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas:

I. Estamos chegando. São Paulo fica ______ apenas 50 quilômetros daqui.
II. O governo federal vai realizar o ______ da população em 1996.
III. No início do século, muitos italianos ______ para o Brasil.
IV. João é muito ______ educado.

a) a - censo - imigraram - mal
b) à - censo - emigraram - mau
c) há - senso - imigraram - mau
d) a - senso - emigraram - mal
e) à - senso - imigraram - mau

Resposta: a
8.Assinale a alternativa que completa corretamente os espaços das frases a seguir:

1 - Era uma questão ______ resolvida.
2 - Aquele aluno é um ______ exemplo para os outros.
3 - ______ tocou o sinal, os alunos se retiraram.
4 - Escolheu um ______ momento para sair.

a) mau, mal, mau, mal
b) mal, mal, mau, mau
c) mau, mau, mal, mal
d) mal, mau, mal, mau
e) mau, mau, mau, mal.

Resposta: d

9. Em qual das alternativas abaixo há apenas palavras grafadas de acordo com a nova ortografia da língua portuguesa?

a) Pára-choque, ultrassonografia, relêem, inconseqüente, arquirrival, saúde
b) Para-choque, ultrassonografia, releem, inconsequente, arquirrival, saude
c) Para-choque, ultrassonografia, releem, inconsequente, arquirrival, saúde
d) Parachoque, ultra-sonografia, releem, inconsequente, arqui-rival, saúde
e) Pára-choque, ultra-sonografia, relêem, inconseqüente, arqui-rival, saúde

Resposta: c
 
10.Pela nova regra, apenas uma dessas palavras pode ser assinalada com acento circunflexo. Qual delas?


a) Vôo            
b) Crêem                    
c) Enjôo                  
d) Pôde
e) Lêem

Resposta: d

Exercícios - acentuação gráfica

1. Assinale a opção em que todos os vocábulos deveriam estar acentuados graficamente:

a) perdoo, balaustre, bambu
b) itens, assembleia, cafeina
c) tuneis, juri, pessoa
d) aerodromo, estrategia, nectar
e) agape, apoio (subst.), nuvens

Resposta: d

2. (FMB-MG) – Assinale a opção em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra de “alguém”, “inverossímil” e “caráter”, respectivamente.
a) hífen, também, impossível
b) armazém, útil, açúcar
c) têm, anéis, éter
d) há, impossível, crítico
e) pólen, magnólias, nós

Resposta: b “alguém” / “armazém” (oxítonas terminadas por em); “inverossímil” / “útil” (paroxítonas terminadas por l); “caráter” / “açúcar” (paroxítonas terminadas por r)

3. A alternativa em que todas as palavras têm acento gráfico é:

a) para-brisa - perdoe - enjoo - preveem.
b) pudico - polen - pensil - miudo.
c) ruim - heroina - sutil - interim.
d) xicara - pode (passado) - hifen .
e) trofeu - coroneis - afoito - carencia.

Resposta: d

4. A alternativa em que nenhuma palavra possui acento gráfico é:

a) item, polens, rubrica.
b) iras, armazens, tatu.
c) biquini, preto, lapisinho.
d) gratuito, juri, raiz.
e) tematico, uisque, camara.

Resposta: a

5. Analisando as palavras:
1. assembleia, 2. bainha, 3. abençoo, notamos que está/estão corretamente grafada(s):

a) apenas a palavra n.º 1
b) apenas a palavra n.º 2
c) apenas a palavra n.º 3
d) todas as palavras

Resposta: d

6.Num dos itens abaixo, a acentuação gráfica não está devidamente justificada. Assinale este item:

a) círculo: vocábulo paroxítono
b) além: vocábulo oxítono terminado em -em
c) órgão: vocábulo paroxítono terminado em til
d) dócil: vocábulo paroxítono terminado em -l
e) pôde: acento diferencial

Resposta: a

7. A alternativa em que os exemplos seguem a regra geral de acentuação gráfica referente aos vocábulos paroxítonos é:

a) tem (verbo) / têm (verbo)
b) sabia (verbo) / sábia (adjetivo)
c) pode (verbo) / pôde (verbo)
d) por (preposição) / pôr (verbo)

Resposta:  (b) - o vocábulo “sábia” recebe acento gráfico por ser paroxítono terminado em ditongo; nos vocábulos das demais alternativas, o acento gráfico é meramente diferencial.

8.Assinale o item a seguir em que as duas palavras não são acentuadas em razão da mesma regra:

a) público – fábula
b) é – trás
c) próprios – responsáveis
d) ausência – critérios
e) nível – própria

Resposta: e -  a palavra “nível” é acentuada por ser paroxítona terminada em “L”; a palavra “própria” recebe acento gráfico por se tratar de paroxítona terminada em ditongo.

9. Assinale a alternativa em que a palavra deveria ter recebido acento gráfico.
a) Paiçandu                b) taxi
c) gratuito                   d) rubrica       
e) entorno

Resposta: b

10. Assinale a opção em que uma das palavras necessita de acento gráfico.

a) caju, raiz, miolo
b) nuvem, canjica, mesa
c) atraiu, campainha, fogo
d) moeda, jovem, casulo
e) reporter, terno, afeto

Resposta: e - a palavra repórter recebe acento gráfico por ser paroxítona terminada em r

Dispoível em : http://certo-ou-errado.sites.uol.com.br/respondidos/acentuacao.htm

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um pouquinho de Mário de Andrade






SONETO


Aceitarás o amor como eu o encaro ?…
…Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza… a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.



De: ANDRADE, Mário de. Poesias completas. Ed. crítica de D.Z. Manfio. São Paulo: Ed. Itatiaia e Ed. da USP, 1987, p.320.

Um pouquinho de Cecília Meireles



Canção Excêntrica

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre meu passo,
é distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
está à procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

Cecília Meireles

Um pouquinho de Ferreira Gullar




Não há vagas



O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.

Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.


GULLAR, Ferreira. “Não há vagas”.



In: Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. p. 224
http://www.espacoacademico.com.

Um pouquinho de Álvares de Azevedo

Por que mentias?

Por que mentias, leviana e bela,


Se minha face pálida sentias

Queimada pela febre?... e minha vida

Tu vias desmaiar... por que mentias?


Acordei da ilusão! a sós morrendo

Sinto na mocidade as agonias.

Por tua causa desespero e morro...

Leviana sem dó, por que mentias?


Sabe Deus se te amei! sabem as noites

Essa dor que alentei, que tu nutrias!

Sabe este pobre coração que treme

Que a esperança perdeu porque mentias!


Vê minha palidez: a febre lenta...

Este fogo das pálpebras sombrias...

Pousa a mão no meu peito... Eu morro! eu morro!

Leviana sem dó, por que mentias?



Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

Coração é terra que ninguém vê


Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.


Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.


Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,


foi que encontrei...





Cora Coralina

Vozes do verbo

Voz verbal é a flexão do verbo que indica se o sujeito pratica, ou recebe, ou pratica e recebe a ação verbal.


Voz Ativa: quando o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação verbal ou participa ativamente de um fato.

Ex. As meninas exigiram a presença da diretora.

A torcida aplaudiu os jogadores.

O médico cometeu um erro terrível.

 Voz Passiva: quando o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbal.

  •  Voz Passiva Sintética:  é formada por verbo transitivo direto ou trânsitivo direto e indireto na 3a.        pessoa do singular ou do plural  mais pronome se (partícula apassivadora) e sujeito paciente.
           Ex.    Anulou-se esta questão.

                   Alugam-se casas.

                  Compram-se roupas usadas.

  •  Voz Passiva Analítica: a voz passiva analítica é formada por sujeito paciente, verbo auxiliar ser  seguido de verbo principal indicador de ação no particípio - ambos formam locução verbal passiva - e agente da passiva.
                Ex. As encomendas foram entregues pelo próprio diretor.

                      As casas foram alugadas pela imobiliária.

                     As roupas foram compradas por uma elegante senhora.

 Voz Reflexiva:

         Há dois tipos de voz reflexiva:

  •  Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva, quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo.

           Ex. Carla machucou-se.

                Osbirvânio cortou-se com a faca.

                 Roberto matou-se.

  •  Reflexiva recíproca: será chamada de reflexiva recíproca, quando houver dois elementos como sujeito: um pratica a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.

              Ex. Paula e Renato amam-se.

                   Os jovens agrediram-se durante a festa.

                   Os ônibus chocaram-se violentamente.

            Passagem da ativa para a voz passiva


            Para efetivar a transformação da ativa para a passiva e vice-versa, procede-se da seguinte maneira:

                 1- O sujeito da voz ativa passará a ser o agente da passiva.

                  2- O objeto direto da voz ativa passará a ser o sujeito da voz passiva.

                  3- Na passiva, o verbo ser estará no mesmo tempo e modo do verbo transitivo direto da ativa.

                  4 -  Na voz passiva, o verbo transitivo direto ficará no particípio.

                 Ex.: Nós obedecemos à lei. - Voz ativa
                        A lei é obedecida por nós. - Voz passiva analítica


Disponível em : http://redacaoescola.blogspot.com/
Gramática - Brasil Escola

Reforma ortográfica: hífen - compostos

Para relembrar a aula, leia com atenção.

Reforma ortográfica:  hífen - compostos

Compostas comuns

 1. Usa-se hífen nas palavras compostas comuns, sem preposições, quando o primeiro elemento for substantivo, adjetivo, verbo ou numeral.

Amor-perfeito, boa-fé, guarda-noturno, guarda-chuva, criado-mudo, decreto-lei, terça-feira
substantivo                 adjetivo       verbo                                                                                                            numeral
  Formas adjetivas como afro, luso, anglo, latino não se ligam por hífen:

afrodescendente, eurocêntrico, lusofobia, eurocomunista.

Mas com adjetivos pátrios (de identidade), usa-se o hífen:

afro-americano, latino-americano, indo-europeu, ítalo-brasileira, anglo-saxão.

 Se a noção de composição desapareceu com o tempo, deve-se unir o composto sem hífen:

pontapé, madressilva, girassol, paraquedas,paraquedismo (perdida a noção do verbo parar);mandachuva (perdida a noção do verbo mandar).

 Demais casos com para e manda usam hífen:

para-brisa, para-choque (sem acento no para); manda-tudo, manda-lua.

 Compostos com elementos repetidos também levam hífen:

tico-tico, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.

 Compostos com apóstrofo também levam hífen:

cobra-d'água, mãe-d'água, mestre-d'armas.

Nomes geográficos antecedidos de grão, grã ou verbos

2. Usa-se o hífen em nomes geográficos compostos com grã e grão ou verbos de qualquer tipo. Grã-Bretanha, Grão-Pará,Passa-Quatro.

 Demais nomes geográficos compostos não usam hífen:

América do Norte, Belo Horizonte, Cabo Verde.
(O nome Guiné-Bissau é uma exceção).

Espécies vegetais/ animais

3. Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies vegetais e animais:
bem-te-vi, bem-me-quer, erva-de-cheiro,couve-flor, rva-doce, feijão-verde, coco-da-baía, joão-de-barro,
não-me-toques (planta). Se a palavra for usada em sentido figurado, não leva hífen: Ela está cheia de não me toques (melindres).

Mal

4. Usa-se hífen com mal antes de vogais ou h ou l. mal-afamado,

mal-estar, mal-acabado, mal-humorada, mal-limpo.

 Escreva, porém: malcriado, malnascido,malvisto, malquerer,malpassado.

 Escreva com hífen no feminino: má-língua, más-línguas.

Além, aquém, recém, bem, sem

 5. Usa-se hífen com além, aquém, recém, bem e sem:

além-mar, aquém-oceano,recém-casado,recém-nascido,bem-estar, bem-vindo, sem-vergonha.

Quando o bem se aglutina com o segundo elemento, não se usa hífen:

 benfeitor, benfeitoria, benquerer, benquisto.

Locuções

6. Não se usa hífen nas locuções dos vários tipos -substantivas, adjetivas etc.:

à vontade, cão de guarda, café com leite, cor de vinho, fim de semana, fim de século, quem quer que seja,

um disse me disse.

 Certas grafias consagradas agora são exceções à regra.

água-de-colônia, arco-da-velha, pé-de-meia, mais-que-perfeito, cor-de-rosa, à queima-roupa, ao deus-dará.

Outras expressões/locuções que não usarão hífen:

bumba meu boi, tomara que caia, arco e flecha, tão somente, ponto e vírgula.

Escreva também sem hífen as locuções :

à toa (adjetivo ou advérbio), dia a dia (substantivo e advérbio) e arco e flecha.

Encadeamentos de palavras

 7. Os encadeamentos vocabulares levam hífen (e não mais traço).

 A relação professor-aluno.
O trajeto Tóquio-São Paulo.
A ponte Rio-Niterói.
Um acordo Angola-Brasil.
Áustria-Hungria.
Alsácia-Lorena.

Hífen no fim da linha

8. Quando cai no fim da linha, o hífen deve ser repetido, por clareza, na linha abaixo.

 Atravesso a ponte Rio-
-Niterói.
Couve-
-flor.

Disponível em : http://educacao.uol.com.br/portugues/hifen-palavras-compostas.jhtm

BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2008.

INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008.

GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

domingo, 15 de agosto de 2010

O SILÊNCIO



Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

Coesão e coerência I

Oi, turminha!


Na aula passada, falamos sobre coesão textual, dissemos que coesão é a “amarração” das várias partes do texto, e que isso só se dará se soubermos lidar com os dois sentidos da coesão: o gramatical e o semântico.

A produção de um bom texto requer de nós um trabalho árduo de competência comunicativa, pois não é simplesmente um jogar palavras numa folha em branco. Escrever é, antes de tudo, compreender, reconhecer e aplicar, bem, os mecanismos da coesão gramatical como pronomes, conjunções, preposições, advérbios. Além, é claro, dos mecanismos da coesão semântica como repetição lexical, sinonímia, hiperonímia, hiponímia etc.

A referência situacional

Em todo texto encontramos circunstâncias situacionais, ou seja, ele se desenvolve em um lugar, num determinado tempo, há participantes – locutor e interlocutor. Se pararmos para observar, veremos que essas circunstâncias situacionais estão no texto através do emprego de palavras “vazias”, palavras que só adquirem significado quando associadas a um referente, que pode estar no próprio texto- referenciação textual - Endofórica, ou fora dele referenciação extratextual- Exofórica.

Ex.: “Coisas que você precisa saber antes de viajar para o exterior”

Observe que a palavra você marca um interlocutor, ou seja, a segunda pessoa do discurso, mas quem é? O leitor é claro! Como ele está fora do texto é, portanto, uma referência extratextual – Exofórica.

As palavras que se preenchem de significado por meio de referências extratextuais são consideradas dêiticas, pois remetem às circunstâncias situacionais do processo de comunicação.

Itens que  podem funcionar como dêiticos.

Pronomes pessoais:

eu – falante

você- interlocutor

nós – falante e interlocutor

Pronomes demonstrativos:

este, esta, estes , estas ,isto – perto do falante

esse, essa, esses, essas, isso – perto do interlocutor

Circunstâncias de lugar:

Advérbios, - aqui, lá, acolá, ali, aí

locuções adverbiais – neste momento,

daqui a um mês etc.

Circunstâncias de tempo:

Hoje, amanhã, agora, ontem

locuções adverbiais:

neste lugar, naquele lugar etc.

Tempos verbais:

presente – simultaneidade
Com o momento do processo de comunicação.

pretérito – anterioridade com relação ao momento do processo de comunicação.

futuro – posterioridade com relação ao momento do processo de comunicação.
Referência endofórica é quando algumas palavras “vazias” de conteúdo semântico têm sua referência no próprio texto da mensagem.

Ex.: Pesquisadores que são da Finlândia falam sobre chocolate.

Observe o caso da palavra que seu referente é a palavra pesquisadores , e nós a encontramos dentro do texto. Portanto, a referência é Endofórica.

Na referência endofórica, encontramos as relações anafóricas e catafóricas.

Anafórica quando o referente vem antes da referência.

Ex.: Pesquisadores que são da Finlândia falam sobre chocolate.

Observe que o referente pesquisadores vem antes da referência que -pronome relativo- portanto, uma relação anafórica.

Catafórica quqndo o referente vem depois da referência.
Ex.: Os cientistas daqui do Brasil discordam.

Observe que o referente Brasil vem depois da referência daqui- advérbio que exprime circunstância de lugar - portanto, uma relação catafórica.

Lembre-se: essas referências textuais têm uma função muito importante: a coesão do texto, articulando e relacionando as informações que estão presentes nele, pois "coesão é a remissão e a (re) ativação do referente, e isso so se consegue através da referenciação".

Até a próxima!

Fonte: NICOLA, José de. Português - Ensino médio

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Senão do Livro

CAPÍTULO 71

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor.

Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...

E caem! - Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a gran- de vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair. Turvo é o ar que respirais, amadas folhas. O sol que vos alumia, com ser de toda gente, é um sol opaco e reles, de cemitério e carnaval.

Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas

Oi, turminha!

Que bom estar com vocês novamente! Para matar a saudade, trago comigo versos do meu querido Quintana.Beijo!


Inscrição para um portão de cemitério

Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

(Mário Quintana)