Pages

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Projeto Consciência negra: as vozes da resistência

Oi, Turminha!


Você já parou para escutar as vozes da resistência negra? Neste período, abra não somente os ouvidos, mas também o coração. Você logo descobrirá as pessoas que enfrentaram  preconceitos diversos, porém, não desistiram e impuseram sua força à força alheia. Esses testemunhos marcaram a história, ou melhor, criaram novas histórias. Abriram caminhos mais dignos e repletos de possibilidades...  São Histórias de liberdade.





"Meus pés estavam doendo e me recusei a levantar. Mas a verdadeira razão foi que senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tratamento tempo demais."
ROSA PARKS EXPLICANDO POR QUE DESAFIOU A LEI DE SEGREGAÇÃO E SE RECUSOU, EM 1955, A CEDER SEU LUGAR NO ÔNIBUS A UM BRANCO. PRESA, TORNOU-SE SÍMBOLO DA LUTA PELOS DIREITOS DOS NEGROS AMERICANOS. MORREU EM 2005





  "Quem aceita o mal sem protestar, coopera realmente com ele".

"Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele."

                        Martin McLuther King, Jr.Líder na causa dos direitos civis dos negros. Assassinado em 1968



   "A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias." 
NELSON MANDELA, LÍDER CONTRA O APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL. FICOU PRESO POR 30 ANOS E SE TORNOU PRESIDENTE DO SEU PAÍS EM 1994


"Sou capaz de relatar a ladainha usual de pequenos insultos que me foram direcionados ao longo de meus 45 anos: seguranças me seguindo quando entro em lojas de departamento, casais brancos que me jogam a chave de seus carros quando estou esperando pelo valet, carros de polícia que me param por nenhuma razão aparente... Conheço o gosto amargo da raiva ao engoli-la  a seco."
BARACK OBAMA, PRESIDENTE AMERICANO, NA AUTOBIOGRAFIA, A AUDÁCIA DA ESPERANÇA (ED. LAROUSSE, 2007)




"Mas, não é a ambição literária que me move o procurar esse dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações. Com elas, queria modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo; a não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz como eu e com os desejos que tinha há dez anos passados. Tento mostrar que são legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de indiferença."

AUTOR LIMA BARRETO - Recordações do Escrivão Isaías Caminha.1909 - seu primeiro romance com referência auto-biográfica





"Aos 10 anos, eu passeava pela avenida Paulista, vendo os casarões de São Paulo, quando um guarda disse: 'Vá embora, aqui não é lugar de negro'. Aquilo me feriu. É preciso recontar a história do Brasil. A escravidão não foi cordial. Meninas eram estupradas porque se acreditava que quem as molestava se curava de sífilis. Com 20 chibatadas, abria-se as costas de um escravo. O nosso foi o último país a libertar seus negros, e os reflexos disso se estendem até aqui"
MILTON GONÇALVES, ATOR






“Fui a primeira repórter negra da televisão. A primeira a apresentar o jornal das sete, a primeira no comando do 'Fantástico'... Mas tive que enfrentar muitas barreiras e obstáculos para conseguir as coisas. Tudo é mais difícil para um negro. Você tem que provar 100 vezes que você é o melhor. É cansativo, duro, doloroso. Se você não tiver uma força extraordinária, não consegue passar por isso. Mas eu vim ao mundo para lutar. Sou uma guerreira!”, 
Glória Maria, primeira repórter negra da TV brasileira

As imagens estão disponíveis em http://www.amambainoticias.com.br
http://claudia.abril.com.br/materia/pelo-fim-do-racismo-3820/?p=/comportamento/atualidades



                                Tirei daqui
                           Tirei daqui


     By Anthony Boadle and Ana Flor
     BRASILIA | Thu Nov 1, 2012 12:14pm EDT


"Engano pensar que sou uma pessoa com dificuldade de relacionamento, uma pessoa difícil. Eu sou uma pessoa altiva, independente e que diz tudo o que quer. Enganaram-se os que achavam que, com a minha chegada ao Supremo, a Corte teria um negro submisso, o que não sou e nunca fui. Tenho certeza de que é isso que desagrada a tanta gente. No Brasil, o que as pessoas esperam de um negro é exatamente esse comportamento subserviente, que eu combato com todas as armas"

JOAQUIM BARBOSA, MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, EM ENTREVISTA À FOLHA DE S.PAULO, EM AGOSTO DE 2008


De onde vem?
A origem do racismo não é consenso. Alguns estudiosos dizem que as raízes estão na Antiguidade clássica. Outros apontam a colonização do mundo pela Europa. “No século 15, com as grandes navegações, ficou clara a distinção entre europeus e os ‘outros’ ”, afirma Leila Hernandez, professora de história da África da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP. No século 16, o sistema colonial se construiu com a grande propriedade e a mão de obra escrava. Africanos, feitos cativos em seus países, eram vendidos nas Américas. Os europeus se atribuíam uma missão civilizadora e cristã. Para o historiador Joel Rufino dos Santos, o tráfico negreiro foi a grande forma de dominação. “Durou três séculos e meio e envolveu 10 milhões de pessoas”, diz. Ele considera a mais emblemática resistência dos africanos no Brasil o Quilombo do Palmares – comunidade autossustentável na serra da Barriga, em Alagoas, formada por escravos fugidos entre 1597 e 1695. “Palmares era uma espécie de problema nacional que durou um quinto da história brasileira.”

No século 18, filósofos passaram a classificar a espécie humana em raças distintas, formadas por grupos biologicamente contrastados e hierarquizados com base nessas diferenças. “A pirâmide era encabeçada pelos brancos, tendo os negros na base inferior e os amarelos na intermediária”, explica o antropólogo Kabengele Munanga, professor da FFLCH/USP. Para ele, a teoria racista do século 18 se transformou em ideologia dos Estados colonialistas para ocupar territórios africanos. Nazistas e fascistas também se basearam em racismo para matar milhões de judeus e ciganos na Segunda Guerra Mundial.
No Brasil não houve leis racistas como nos Estados Unidos e na África do Sul. Aqui, predominou o mito de democracia racial, o que atrasou o surgimento da Lei nº 7.716, de 1989, que tornou o racismo um crime inafiançável e sujeito a prisão. “Apesar do avanço, leis não substituem as políticas públicas afirmativas e macrossociais”, afirma Kabengele. 

Patrícia Negrão



Fotos Obama, Alex Wong/Getty Images; Elisa Lucinda, Mauricio Melo; Milton Gonçalves, Cesar França; Jairzinho, Ike Levy; Oprah, divulgação; Isabel Fillardis, Mauricio Melo; Lewis Hamilton, Mark Thompson/Getty Images; Elza Soares e Toni Garrido, Nana Moraes; Dudu Nobre, Washington Possato/Divulgação; Glória Maria, Deco Rodrigues; Mandela, Chris Jackson

disponível em http://claudia.abril.com.br/materia/pelo-fim-do-racismo-3820/?p=/comportamento/atualidades







Lázaro Ramos (Foto: Divulgação/TV Globo)








Raça - Você já foi alvo de racismo?
Lázaro - Várias vezes em Salvador, por policiais que sempre têm uma abordagem diferente para o cidadão negro. Para mim isso é racismo quando você está ali para proteger a sociedade e trata o cidadão branco diferente do negro. Já fui muito maltratado.



Raça - Maltratado como?
Lázaro - A polícia pára um ônibus e, na hora da revista, só exige que desçam os negões. Mas o Bando de Teatro do Olodum me deu uma consciência e me ensinou a lidar com isso. Uma noite, ao tirar dinheiro em um caixa 24 horas, em Salvador, fui abordado por policiais que perguntavam o que eu estava fazendo ali. Com o argumento na ponta da língua, revidei: "Por que você está me perguntando isso? Vim tirar o meu dinheiro no meu banco. Por que você me parou?" Sem graça, o policial respondeu: "Sei lá, você é um tipo suspeito, de boné". Resultado: fiquei um tempão conversando com o cara e ele acabou me pedindo desculpas. Infelizmente a gente precisa ser treinado para lidar com o racismo. Primeiro tem que estar com a auto-estima lá em cima, porque do contrário você se sente menosprezado, e depois tem de ter argumento, né?

Nenhum comentário:

Postar um comentário